Pium é um objeto que emite fragrâncias para te ajudar a acordar, relaxar ou se concentrar. É um objeto que proporciona a experiência de adicionar um cheiro específico para o ambiente de trabalho ou de casa, a partir da construção de um perfil único do usuário a partir da integração de um aplicativo. Nesse aplicativo o objeto conhece melhor o usuário para que consiga emitir as fragrâncias exatas nos momentos certos.
Relevância
Acho que muita gente quando conhece esse tipo de projeto pode pensar: "Ta bom, mais um projeto de fragrância.". Mas ele me chamou a atenção, na verdade, por que eu particularmente tenho uma ligação muito forte com cheiro. Eu percebo claramente como meu humor é influenciado pelos cheiros dos ambientes, e não só isso, mas como determinados cheiros podem trazer sentimentos específicos, como a nostalgia.
Porém, como compartilhei, é algo pessoal, de fato não sabia necessariamente se todos em volta também tinham essa ligação. Ou até mesmo se poderia ter, porém sem consciência disso. Com uma pesquisa atrelada, descobri que o olfato é um gatilho mais poderoso para a lembrança de memórias do que visão e audição. (Estudo da Universidade de Ultrecht, na Holanda)
“Na mesma hora que o líquido quente misturado às migalhas tocou meu paladar, um calafrio percorreu meu corpo e eu parei, interessado na coisa extraordinária que estava acontecendo comigo. (...) Essa nova sensação teve em mim o efeito que o amor tem de preencher-nos com uma essência preciosa; ou talvez a essência não estivesse em mim, talvez ela fosse eu. (...) Eu senti que a sensação estava conectada com o gosto do chá e do biscoito, mas que transcendia infinitamente aqueles sabores” Marcel Proust (1871-1922) "Em busca do tempo perdido"
Como funciona?
Fisicamente, o Pium é um cilindro, parecido com um perfume, de tamanho Dentro dele podem ser colocadas até três capsulas com essências distintas, seguindo a ideia das máquinas de café Nespresso. O objeto é atrelado com um aplicativo cujo dono adiciona suas preferências e sua rotina. Assim, Pium irá conhecer seu dono, e então tentará emitir as fragrâncias de acordo com seus horários. A distância do dono é determinada pelo aplicativo, ou seja, pelo celular.
Considerações quanto ao projeto
O objeto é estimulado com o celular perto, ou seja, abre uma discussão sobre a necessidade de termos o celular sempre acoplado a nós. Temos sempre que estar com ele do nosso lado? E se eu simplesmente não for essa pessoa de levar o celular para todo lugar onde eu vou? Uma alternativa pode estar quando o Pium é ativado por reconhecimento facial e/ou localização. Ele teria um sensor que reconheceria se você está no recinto, sem ter a necessidade do uso do celular, mas detectando ao mesmo tempo que é o seu dono que se encontra ali.
Outro fator importante é que, querendo ou não, ele ainda parecer ser um projeto sem muita interação com o usuário de fato. Ok, ele usa o aplicativo para conhecer o usuário, mas será que realmente funciona? Ele tem essa noção do meu dia-a-dia, mas, querendo ou não, nossos dias são únicos, nossas emoções podem variar muito dentro da nossa rotina, então será que ele de fato consegue cumprir com essa ideia de nos entender e emitir a fragrância certa?
E se ele tivesse alguma inteligência artificial, em que não necessariamente nós precisássemos de por as essências que quisermos, mas que de alguma maneira ele percebesse nosso humor e já liberasse algum tipo de fragrância que, nos conhecendo, nos faça nos sentir melhor. Ou então algo que medisse a pressão ou temperatura, algo mais físico? Quem sabe assim o Pium poderia se tornar cada vez menos um objeto que atende as ordens do aplicativo, e mais algo que nos conheça, entenda, compreenda, e nos acompanhe no nosso dia-a-dia.
Decidir trazer esse objeto por que, por mais que aparente ser apenas mais um objeto de fragrância, acho interessante refletir e abordar essa questão da importância do olfato no nosso dia-a-dia, e em como o Pium ou qualquer outro projeto semelhante poderia ser repensado com uma tecnologia não existente.
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